Pertencente à família das malváceas, como o hibisco e a malva-rosa, do gênero Theobroma, o cacaueiro pode chegar a 15 metros de altura nas florestas, mas não ultrapassa 6 metros nas plantações. A árvore produz 10 mil a 20 mil minúsculas flores, anualmente, brancas ou róseas, no tronco. São chamadas de almofadas florais. 1 por cento dessas flores se transforma em frutos.


No tronco e nos galhos principais brotam frutos amarelos, verdes, vermelhos e violetas.


O cacaueiro necessita de calor e umidade. Ele cresce em terrenos planos.


Originário da Amazônia, o cacaueiro é uma árvore que deu a volta ao mundo. As sementes, ou amêndoas de cacau, tem aspectos e sabores diferentes conforme a variedade e o terroir (palavra francesa usada para expressar a relação entre o solo e o microclima.)


Segundo os maias do México e da América Central, os deuses foram os primeiros a consumir o cacau. As florestas quentes e úmidas do México, onde os primeiros cacaueiros foram cultivados pelos olmecas (1200 ac), engoliram todos os vestígios arqueológicos do consumo do cacau. Restou a tradição oral veiculada pela civilização maia, que foi herdeira das plantações olmecas da costa do golfo do México. As bebidas achocolatadas existem pelo menos desde o século VI a.C., comprovado em Belize pela descoberta de um pote com vestígio de chocolate. Segundo o livro sagrado dos maias, a primeira bebida à base de cacau tem origem divina, pois foi elaborada para o casamento sobrenatural do herói Hun Hunahpu. A bebida passou a fazer parte das negociações preliminares ao casamento. O cacau do Xibalba também era utilizado para purificar os pequenos maias, numa cerimônia semelhante ao batismo católico.

Em 1300 d.C., os astecas, guerreiros nômades que vieram do Norte, se instalaram no alto vale do atual México. Como as árvores não se aclimatavam ao frio dos altos planaltos, os astecas não cultivaram o cacaueiro, mas foram consumidores do chocolate, esse privilério somente dos nobres e guerreiros. As sementes de cacau eram utilizadas como moeda. O novos senhores do México, conquistadores e missionários espanhóis, na falta do vinho, cuja a importação havia sido proibida por édito imperial, aderiram ao consumo do chocolate. A introdução da cana-de-açucar possibilitou ingrementar as receitas à base de cacau, temperando o forte sabor do chocolate com açucar, baunilha e canela.


Os povos maia e asteca cozinhavam o cacau e o trituravam com milho e pimenta aromatizando o preparo com baunilha e canela. À bebida era chamada de xocatl.


Os índios Kuna, da costa do Panamá, eram protegidos contra a elevação da pressão arterial por meio da ingestão de grandes quantidades de cacau, consumidos também com sal. 



No século XVII, o chocolate se transformou na coqueluche da aristocracia e do clero, na Espanha. A partir daí, a iguaria conquistou a Bélgica, a Holanda e um parte da Itália. A bebida chegou oficialmente à França pela cidade de Beyonne, em 1615.


A Revolução Industrial contribuiu para a mudança da mentalidade em relação ao chocolate, mantendo o prestígio, mas acessível ao povo. Tornou-se uma bebida comum, objeto de comercialização.



No final do século XX, o chocolate havia percorrido o mundo, chegando ao Oriente Médio e ao Extremo Oriente. A China foi a última a se render às receitas à base de cacau.



No Brasil


A sementes de cacau chegaram ao sul da Bahia no século XVIII. Devido ao clima quente e úmido da região, extensos cacaueiros se desenvolveram rapidamente, transformando o estado no principal produtor de cacau do país.


Os Chocolates Medicinais


No início do século XX, o chocolate foi reconhecido como fortificante. O gosto agradável do chocolate foi aproveitado para disfarçar os sabores dos medicamentos. No mercado haviam chocolates medicinais, com limalha de ferro (contra a anemia); com líquen (contra a tosse.)


Fonte: Larousse do chocolate, Pierre Hermé

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